domingo, 15 de fevereiro de 2009

It walks


Andar pela rua não é tão simples quanto parece. Caminhar, com ou sem objetivo se torna em sua magnitude a situação mais embaraçosa na qual você pode se meter.
Cada esquina, cada calçada, cada rua sem pavimentação, cada curva. O sinal de pare, as placas direita e esquerda.
Cada uma nada valem unidas ou separadas, quando você olha e não vê a saída ou a chegada e não encontra mais sua imagem nos prédios espelhados .
Neste momento você começa a sentir os carros passarem por você e te cortarem ao meio, as pessoas parecem morar em sua mente e seus rostos passam a ser manchados de negro sem que você possa ver seus olhos para talvez se encontrar neles.
É quando...
Você apenas espera que na próxima curva você encontre seu caminho.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Saudade do que nunca tive (Apenas um capítulo)



Melancolia não é o mais nobre dos sentimentos humanos, talvez seja o mais humano deles, uma dorzinha chata do que perdemos ou do que jamais chegamos a ter.
Aquela falta de uma mão que afague a sua, da felicidade de quando se tinha dois anos e você ria da careta que lhe faziam inocente e doce, de seus dedos tocando seu cabelo, das mão entrelaçadas na chuva torrencial de verão, dos olhos estreitos com o beijo da partida, a sensação boa da reconciliação, as chamas das pazes, o frio na espinha do primeiro encontro, o nervoso caótico de duas bocas se encontrando em um primeiro beijo, da vontade de correr sem ser pra fugir de algo ou alguém, dos pulos alegres de um natal com bonecas de plástico, do nervoso do primeiro dia do colegial, da ansiedade pelo segundo encontro, da vontade súbita de dizer Eu te Amo a sua amiga.
Dos laços que construímos muito mais fortes do que qualquer laço sanguíneo, das dores constantes das brincadeiras de rua.
Da sua mão escorregando pela minha nuca enquanto seu lábio doce percorre os traços de meus pescoço e encontra sua mão, da minha mão se erguendo em um movimento sincronizado até sua nuca enquanto eu fecho meus olhos com os arrepios que sinto, com sua boca voltando ao meu queixo e mordendo de leve sua ponta, subindo devagar e ansiosa até encontrar meu lábio inferior, com a pressão que agora minha mão faz em sua nuca e o modo como meus dedos entrelaçam seus cabelos, com o jeito sublime como nos moldamos um ao outro, e como ele desliza sua mão esquerda pela minha espinha até alcançar o alto de minha cintura e aí me pressionar para o mais perto de seu corpo que já cheguei, por minha mão direita subir sublime e alegre ao encontro de sua face.
Ao tempo, ao modo, ao gosto a tudo o que envolve aquela união de almas, ao final ele toma meu rosto em suas mãos e por três vezes beija meus lábios novamente.
Ao sorriso largo que nós dois abrimos, ao beijo despreocupado em minha testa, as mão se encontrando ao lado de nossos corpos para se entrelaçarem novamente, ao toque de meu dedo indicador na ponta de seu nariz e o sorriso que isso causa nele.
Eu sinto falta de uma coisa que jamais experimentei, se isso não for melancolia é a loucura em sua face mais pura.