sábado, 30 de janeiro de 2010

Ficção real

Mais um dia começa na metrópole fria e cinzenta, mais um dia de chuva amanhece tristonho e mau humorado nessa selva de pedra. A mesma correria, as mesmas pessoas se trombando enquanto o trem não chega.Tudo está metodicamente igual e espontaneamente diferente.

Ao sair da estação cubro meus ombros com meu casaco e protejo meu corpo com a ajuda do guarda chuva. Olhando sempre em frente, atravesso a rua e busco um lugar onde as gotas grossas, frias, cortantes e pesadas não possam me atingir.

Hoje, o centro está diferente. Não existem mais tantas pessoas deitadas nas calçadas enquanto saltos finos e sapatos firmes serpenteiam e produzem uma melodia frenética no asfalto.

O lixo ainda estava encostado em postes, em portas fechadas ou no meio fino. As pessoas não correm tanto, talvez pelo medo de cair na superfície escorregadia das ruas.

Menos de 200 metros depois da estação furei o sinal vermelho. E por algum motivo me concentrei em um saco de lixo verde do outro lado da rua, um flash assombrou meus pensamentos quando pensei em um filme antigo, ou seria um seriado recente, onde as pessoas acabam mortas lá dentro.

Ao passar ao lado percebi que não era lixo, era um homem totalmente enfiado dentro do saco de plástico, encolhido em posição fetal, imóvel.

Girei meu corpo para o outro lado da rua e percebi que todos os sacos de lixo espalhados pelas ruas da República eram na verdade pessoas. Crianças, homens e jovens se protegendo do frio no mesmo objeto em que jogamos restos de comida e papel higiênico usado.

Toda a cena se construía em meus olhos enquanto um grito me acordava do transe. Um rapaz sem camisa e de calça branca, corria descalço, gritando por Rita.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Remember my name

Sentada me perguntei o que valeria a pena, por onde e para onde eu estava caminhando? Quem eu era de verdade e o que eu queria ser.
Há muito tempo eu caminhava, mas a estrada longa e cheia de bifurcações não parecia o meu lugar.
Olhando para um lado a placa de atalho piscou em meu campo de visão, se olhava para o outro o caminho da perdição.
Seguir em frente era o certo a fazer, não importava o tempo, não importavam os contratempos que eu teria que vencer, eu sempre fui ensinada que no fim havia a recompensa. O pote do ouro.
Mas eu não estava preocupada com o prêmio, nem com as barreiras, o que me tirava o sono era o caminho, a escolha.
O desespero, a vontade de largar tudo, a incerteza, eram parte do processo ou sintomas do erro?
A vida nunca se mostrou fácil e toda vez que eu subia mais um degrau algo me fazia retroceder dois. E eu aprendi, que pés calejados, corpo cansado e muito suor são parte do que você vai se tornar no futuro, mesmo que seu sonho não se torne realidade.