sábado, 21 de novembro de 2009

Linha tênue

Eu odeio o jeito que você me olha, o modo como me julga e a força com que me afasta.
Eu odeio você por ter levado contigo meu sonho e por ter me deixado sozinha em um caminho que não era meu.
Odeio o rumo que minha vida tomou, e acima de tudo, odeio o modo como me fez mentir.
Eu não te odeio apenas por ter levado meu único e verdadeiro desejo para longe, eu a odeio por tentar, todos os dias, me afastar da minha tranquilidade.
A odeio por não se importar e pela facilidade com a qual me deixa de lado.
Odeio não ter sido a escolhida, e me odeio, por recolher as sobras que me mantêm viva e sã.
Mas acima de tudo eu odeio a mim.
Por te amar incondicionalmente, por fingir não ver sua apatia, por mascarar sua falta de vontade comigo.
Eu me odeio tanto por não deixar de te amar e por saber que a cada dia que passa, meu amor aumenta, solidifica, enraíza.
A cicatriz que você deixou em meu peito arde esporadicamente mas sua dor é tão forte e violenta, que me leva para um passado feliz. E depois me joga para um presente cheio de angústia, dor e sacrifícios.
Eu a odeio tanto, mas me odeio mais, por saber, que vou te amar para sempre.

sábado, 14 de novembro de 2009

I dreamin' a dream

Eu me sinto culpada por estar tão infeliz onde estou. Isso não quer dizer que eu não goste do que vivo nem do que faço, apenas quer dizer que eu não me sinto mais completa como antes.

É muito difícil ver um sonho ir embora pelo ralo e você não ter forças suficientes para agarrá-lo e segurar todo aquele momento por mais um tempo.

Eu não quero mais sonhar, os devaneios alimentam nossa mente mas não a preparam para a perda dolorida de tudo o que você sempre quis.

Eu lutei para alcançar o que queria mas tudo foi embora rápido demais.

E as pessoas que conheci neste pouco tempo, são as únicas coisas que me fazem ter certeza, que nada foi em vão.

Eu já procurei milhares de formas de escrever o que sinto, o que sentia e o que ainda acontece comigo toda vez que olho para a parte de trás do vagão vazio que se tornou minha vida.

Mas eu só consigo lembrar das vezes que chorei desesperada e agoniada sob os olhares de estranhos. Das vezes que me faltaram forças suficiente para subir mais um degrau ou erguer a mão.

Passar mais uma vez por tudo aquilo é como reviver um pesadelo do qual você luta e corre enquanto se encharca de suor.

É como entrar em uma batalha perdida e usar toda a sua energia tentando vencer.

E então me sinto completamente tomada pela culpa de não conseguir aproveitar por completo a experiência que estou tendo. O que acontece comigo, será que que alguma parte do meu cérebro tem defeito?

Eu nunca havia experimentado essas duas sensações juntas: tristeza e felicidade, misturadas e intensificadas, como se eu me tornasse bipolar, como se não sentisse mais nada que não seja isso. Uma vez escondida, uma vez a tona.

Eu não consigo olhar para o futuro sem deixar de pensar em como tudo poderia ser diferente.

domingo, 8 de novembro de 2009

Eu preciso acreditar?

As vezes eu me pergunto quantas vezes vou fazer esta mesma pergunta?
As vezes eu apenas quero que a resposta não seja vaga. Ou que aceite, finalmente, a verdade.
Quando eu sinto aquela vontade estranha e súbita de me debulhar em lágrimas, de enfiar a mão garganta adentro e desfazer aquele nó que aperta meu peito, algo estranho me impede.
Por alguma razão eu não consigo, por algum motivo estranho eu não choro. Não por fora. Porque por mais que por dentro eu esteja despedaçada, por fora eu estou inteira.
Por mais que eu ache que não suporto mais, eu estou de pé.
Por mais que eu não queira estar ali, eu estou intacta.
É aquele tipo de mal que você sabe que existe, aquele que te assusta mas não te afasta. É o ponto que alimenta e o que te mata de fome, o que te enferma e te cura, o que fica e se afasta. Não é paradoxo, é real e confuso.
Acreditar que seu destino é a solidão te deixa amarga, te faz endurecer com tudo e todos. Eu não sei quando, nem como mudei. Estou diferente e isso não significa que vou deixar de olhar para a janela enquanto chove tentando imaginar o que pode acontecer comigo.
Talvez eu mude, novamente, amanhã ou talvez não. O que isso importa? A quem importa?
Viver não é fácil, exige coragem e luta constante mas desistir nunca fez parte de mim, e eu não acredito que por isso sou fraca