segunda-feira, 29 de março de 2010

Block

Eu tento, eu repito a cena, eu relembro cada letra, cada palavra, cada frase, mas tudo o que eu consigo está em branco.
Meu pulso está branco, cheio de veias pretas que pulsam e irrigam vasos menores. Um líquido grosso e roxo.
Mas aí eu percebo que perdi o foco, que não era isso que eu queria, não era o que eu deveria mostrar. A memória volta, mas as palavras não, e a raiva que eu senti de mim quando percebi tudo o que falavam, não me fez ter mais raiva de ninguém. Até a hora em que um pé foi colocado no meu caminho e fui proibida de seguir em frente.
O que eu fiz? Dei a volta e entrei pelos fundos.
Não pense que você vai me impedir, muito menos me calar. O poço fundo e sujo que encontrei não foi visto apenas por mim.

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