domingo, 14 de setembro de 2014

Sobre o amor e suas mentiras

Desde pequena aprendi sobre o amor, aquele que vem de repente, chega sorrateiro e te acerta como uma flecha. Aquele amor que te salva da dor, que te traz alegria, que te ilumina.
Eu aprendi tanto sobre o amor que fiquei à espera de sua chegada e cada porta que eu abria, cada corredor que atravessava e todas as vezes em que pisquei meus olhos eu o procurei. Eu li todas as suas dicas, encontrei cada um de seus enigmas, roubei cada uma de suas palavras, mas ele não chegou em tempo algum.
Foi então que me ensinaram a segunda coisa sobre o amor. Ele chega quando a gente menos espera, mas então eu pensei sobre o amor e sobre suas mentiras. Como encontrar algo pelo qual eu esperei sempre se ele só chega quando eu não o esperar mais?
Seria o amor aquele ser caprichoso que se fecha em si até decidir voar?
Quem seria o amor no mundo? Ou talvez, o que seria o amor no mundo?
Ele é aquele beijo que te tira o ar e limpa sua mente? 
É a cabeça que repousa em seu peito enquanto você inspira e expira devagar contando que cada golfada de ar dure mais e assim o tempo também o dure?
Amor é aquela mão deixada estendida sobre a mesa que você agarra como quem tem ali um pedaço de vida?
Ou o amor é o tesão? Sim, o sentimento que nos invade quando queremos muito alguém, aquele que nós faz perder o sentido quando nossa pele é tocada.
Me contaram tantas mentiras a respeito do amor que eu passei a não procurá-lo mais, passei também a não vê-lo mais em nada, em ninguém.
E o amor era alguém na cabine bem acima de onde eu estava. Eu, aquela pessoa insignificante no meio da multidão. O amor era o refletor de luz, distante. E ele iluminou todos que estavam ali, não só eu, mas eu não o via. Não era o meu amor e eu não era sua amada. Éramos então os nossos próprios reflexos, ele como luz eu como objeto. Nosso encontro seria então a sombra, aquela mancha escura que nos persegue mesmo que não a procuremos, mesmo que a gente não queira.
E esse é o amor, e eu o quero tanto que fico sem luz.

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